Cena do filme live action Branca de Neve

Eu finalmente me conectei com a Branca de Neve

A animação Branca de Neve e os Sete Anões (1937) é um clássico incontestável. Foi o primeiro longa de animação da história do cinema e moldou a Walt Disney Company como a conhecemos hoje. Mas, preciso ser sincera: nunca me conectei muito com a personagem. De todas as princesas clássicas, Branca de Neve nunca esteve no topo da minha lista.

Reconheço a importância do filme, sua inovação técnica e impacto cultural, gosto de várias passagens da animação, mas a história em si nunca me envolveu completamente. Por isso, fui assistir ao live-action com um olhar mais distante e sem grandes expectativas. E, para minha surpresa, saí positivamente impressionada. Ou diria encantada?

A Evolução dos Contos de Fadas

A maioria dos contos de fadas que conhecemos são versões adaptadas de histórias antigas do folclore europeu. Branca de Neve, por exemplo, foi registrada pelos Irmãos Grimm no século XIX, mas sua origem pode ser ainda mais antiga. Cada época ressignificou esses contos de acordo com seus valores e visões de mundo. Logo, pra mim, a proposta de fazer live actions de histórias clássicas como esta é justamente trazer ao público uma nova releitura, mais atual e condizente com o momento em si.

A grande questão de se adaptar um clássico assim  para os dias de hoje é o desafio de conseguir equilibrar a fidelidade à obra original com uma nova perspectiva. Algumas mudanças são necessárias, sim, para corrigir pontos que envelheceram mal (o que acontece com boa parte desses contos e que no futuro, provavelmente, acontecerá também com os live actions e assim por diante), tornar os personagens mais tridimensionais e chegar a um novo público e mantê-lo engajado sem perder a essência da história.

E esse era justamente o meu problema com a história da animação de 1937. Tecnicamente, o filme é uma obra-prima. O uso inovador do Technicolor, o realismo dos movimentos, a trilha sonora envolvente – tudo foi revolucionário para a época. Mas, narrativamente, a história sempre me pareceu rasa. Uma rainha má, linda e movida por inveja; e uma princesa passiva esperando ser salva por um príncipe sem qualquer desenvolvimento. Pelo menos, pra mim, nunca foi o meu conceito de Conto de Fadas, mesmo quando criança.

Um Novo Olhar Sobre Branca de Neve

O live-action faz algumas mudanças, sim, na história. Por exemplo: a justificativa para o nome Branca de Neve foi ajustada; e a personagem agora não depende de um príncipe para salvar seu reino…. Honestamente, isso não me incomodou nem um pouco – pelo contrário, acho que tornou a história mais interessante. Deu mais protagonismo à própria Branca de Neve que agora tem um propósito, criou background para os personagens e desenvolveu um romance real.

De todas as mudanças ou inserções, a que mais me deixava apreensiva era a forma como os Anões (agora chamados de Criaturas Mágicas) seriam retratados. Eu realmente entendo os argumentos contrários ao uso de atores e, por isso, não posso opinar se o uso do CGI a foi ou não a melhor decisão. Mas, confesso que, no fundo, fui assistir o filme ainda esperando ver atores reais já que estamos falando de um live action.

No entanto, não é que as Criaturas Mágicas são cativantes? No fim, eles trouxeram para história um toque de fantasia e magia que acabou funcionando bem na narrativa. E foi complementado pelo visual deslumbrante das cenas na floresta, na casa das Criaturas, no castelo… que remetem diretamente tanto às cenas originais quanto ao uso do Technicolor com as cores vibrantes. Há quem diga que o filme fica “em cima do muro” entre um live action e um filme de animação/ fantasia. Mas eu acho que até nisso há uma certa referência e homenagem ao Walt Disney: afinal, ele foi um dos primeiros a misturar animação e atores reais. Disney gostava de experimentar e eu fui surpreendida com a ternura das Criaturas Mágicas. E preciso dizer: o Dunga está simplesmente adorável!

Divulgação
Elenco e Produção

Rachel Zegler entrega uma Branca de Neve carismática e comovente. Sua presença na tela é envolvente, e sua performance vocal faz jus à tradição musical do estúdio. Já

Gal Gadot é linda e está lindíssma, sem sombra de dúvida. Aliás, seu figurino é o mais deslumbrante do filme. Isso é inegável. Ela se esforça – até mesmo para fazer um número musical – mas no fim seu papel é justamente esse: ser a apenas a mais bela de todas.

Não vou entrar aqui na discussão daqueles que já resumiram previamente o filme a uma disputa de belezas. Sim, a Rainha Má é  a mais bela de todo o reino – mas, como o Espelho Mágico sempre enfatiza, beleza não é tudo. Aliás, eu confesso que me surpreendi quando essa discussão veio à tona. Porque na minha leitura da animação, Branca de Neve era tão ameaçadora não só por ser bonita, mas por ser gentil, pura e por ter o melhor coração (uma das razões pelas quais a Rainha pede ao caçador o coração de Branca de Neve como prova). A tal beleza interior que tantos criticaram.

Ao comparar a beleza das duas mulheres, como a Internet vem fazendo, não estariam os próprios críticos se tornando também Rainhas Más: cegos pela vaidade e aparências? E será que realmente ainda hoje a beleza física é o mais importante mesmo?

Os Pontos de Atenção

É claro que nem tudo é perfeito. Sim, a caracterização de Rachel Zegler deixou um pouco a desejar. O figurino é belíssimo e as cores sobressaem, mas maquiagem e cabelo poderiam ser um pouco melhores.

Além disso, em alguns momentos, quando o filme ganha contornos mais atuais, eu senti uma leve semelhança com outras adaptações que fizeram releituras da história – como o filme  Espelho, Espelho Meu (2012), estrelado pela Lily Collins e Julia Roberts – ou até mesmo com o perfil de outras princesas mais recentes da Disney. Mas olhando mais a fundo, eu não sei qual outro caminho Branca de Neve poderia tomar nos dias hoje…

No mais, há uma terceira questão que me incomodou um pouco mas que só poderei comentar mais tarde para evitar spoilers!

Afinal, vale a Pena Assistir?

O live-action de Branca de Neve não apaga a importância e o carinho com a animação de 1937 – assim como os contos de fadas não eliminam suas versões folclóricas originais e sombrias. Cada adaptação acrescenta uma nova camada de significado, permitindo que diferentes gerações se identifiquem com a história.

A Disney conseguiu fazer um live action justo e encantador. Uma releitura que homenageia o clássico, traz a história para os dias de hoje (e para um novo público), que faz rir, chorar e se emocionar. Pela primeira vez, eu realmente me conectei com Branca de Neve. E no fim é a capacidade de gerar conexões que faz a diferença.

Se você gostou desse conteúdo leia também: Branca de Neve: tudo sobre o novo live action da Disney

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daniellacadavez@gmail.com

A Dani é a nossa Girl Boss e diretora na Legião dos Heróis. É Millennial com orgulho, fã de Star Wars, Disney, Jogos Vorazes, ficção científica e romances de época.

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