
De excluído a protagonista: como ser nerd virou um estilo de vida
Do bullying dos anos 80 à explosão da cultura pop, muita coisa mudou e a gente faz parte disso
Dia 25 de maio é celebrado o Dia do Orgulho Nerd, uma data simbólica, marcada por lightsabers, toalhas e referências que só quem é do meio entende. Mas antes de pegar o seu sabre de luz ou revisitar O Guia do Mochileiro das Galáxias, vale uma pergunta: você já parou pra pensar como o conceito de “ser nerd” mudou ao longo dos anos?
Porque se hoje o universo geek domina os cinemas, lota eventos como a CCXP e virou até tendência de moda… nem sempre foi assim.

O nerd dos anos 80: o oposto do “cool”
Nos anos 1980 e 90, o nerd era o estereótipo do excluído. Tímido, socialmente desajeitado, apaixonado por matemática ou ficção científica. E quase sempre com os mesmos códigos visuais: óculos grandes, roupas sem estilo e postura retraída.
Em filmes como A Viangaça dos Nerds (1984), eles eram os alvos fáceis — personagens usados para piadas, bullying ou apenas para reforçar a ideia de que inteligência não combinava com protagonismo. A mensagem era clara: o nerd não era herói. Era exceção.
Quando tudo começou a mudar
Foi só com o sucesso de The Big Bang Theory, em 2007, que a imagem do nerd começou a ser ressignificada na cultura pop. A série não apenas humanizou, mas também celebrou a inteligência, o humor peculiar e os hobbies antes considerados “esquisitos”.
Sheldon, Leonard, Howard e Raj abriram espaço pra uma nova leitura: Nerds podem ser protagonistas. A ciência pode ser divertida. E amar quadrinhos, coleções e teorias da física quântica pode — sim — ser cool.
Nerd ou Geek: existe diferença?
Hoje os termos são usados quase como sinônimos, mas têm origens e nuances diferentes:
- Nerd surgiu nos EUA nos anos 1960, provavelmente como uma gíria para alguém excêntrico, obcecado por estudos, ciência e tecnologia. Era um termo com viés acadêmico e surgiu na mesma década da corrida espacial e do boom da computação.
- Geek, por outro lado, tem raízes mais antigas. Vinha sendo usado desde o século 19 para descrever pessoas estranhas ou excêntricas, e foi ganhando novos significados até se tornar sinônimo de quem ama cultura pop: quadrinhos, games, colecionáveis, filmes, fandoms.
No geral, dá pra pensar assim: nerd é mais razão, geek é mais paixão. Mas na prática, todo mundo tem um pouco dos dois. E tá tudo bem assim.
Do excluído ao protagonista
Celebrar o Dia do Orgulho Nerd não é só lembrar de datas importantes ou exibir a camiseta da sua franquia favorita. É reconhecer uma mudança cultural profunda. É entender que, durante muito tempo, gostar “demais” de alguma coisa era motivo de exclusão. Hoje, é motivo de conexão.
Porque a cultura nerd deixou de ser nicho e virou narrativa global. Virou cinema, virou série, virou estilo. Virou orgulho.