
A versão sombria de Branca de Neve
Antes do clássico da Disney, o conto dos Irmãos Grimm era muito mais sombrio e assustador
Com o novo live-action de Branca de Neve pela Disney chegando aos cinemas esse mês, tem crescido o interesse pelas origens do conto de fadas que inspirou o filme. E, como em muitos outros clássicos, a versão que conhecemos hoje foi suavizada ao longo do tempo.
A história de Branca de Neve, que Disney levou aos cinemas em 1937, foi baseada no conto registrado pelos Irmãos Grimm em 1812, no livro Contos da Infância e do Lar. A obra reunia histórias populares do folclore alemão — e a maioria delas era muito mais sombria do que as versões infantis popularizadas no século XX.
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A Branca de Neve do conto original
Na versão dos Irmãos Grimm, Branca de Neve tem apenas 7 anos quando sua madrasta, tomada pela inveja de sua beleza, ordena que um caçador a leve para a floresta e a mate. Como prova, ele deveria trazer de volta o fígado e os pulmões da menina.
O caçador, no entanto, sente pena da criança e a deixa fugir. Branca de Neve então encontra abrigo na casa de sete anões, mas a madrasta descobre que ela ainda está viva — e tenta matá-la três vezes diferentes:
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- Com um corpete apertado,
- Com um pente envenenado,
- E finalmente com a maçã envenenada, a versão mais conhecida da história.
Um final bem diferente do que estamos acostumados
No conto original, após morder a maçã, Branca de Neve é colocada em um caixão de vidro, que os anões levam até o castelo de um príncipe. Diferente da versão animada, o príncipe não beija a princesa — ele apenas quer levar o corpo para sua coleção de coisas belas. Durante o transporte, um dos criados tropeça, o caixão cai e o pedaço da maçã é expelido da garganta de Branca de Neve, que desperta.
O desfecho também traz um castigo brutal para a Rainha Má. No casamento da princesa, a vilã é condenada a calçar sapatos de ferro em brasa e a dançar até morrer. E assim termina o “felizes para sempre” da versão original.
A história por trás da história
Algumas pesquisas indicam que o conto pode ter sido inspirado em uma personagem real: Maria Sophia von Erthal, uma jovem aristocrata que viveu na Alemanha no século XVIII. A teoria ganhou força com o tempo e foi reforçada por paralelos com a ambientação, os objetos do conto (como o espelho) e as disputas familiares registradas na época.
Outro detalhe interessante: na primeira versão dos Irmãos Grimm, a figura da vilã era a própria mãe de Branca de Neve, e não uma madrasta. O elemento foi alterado em edições posteriores, por ser considerado violento demais até mesmo para os padrões da época.
Da Alemanha para Hollywood
O conto de Branca de Neve foi um dos primeiros a ganhar versão cinematográfica pela Disney. Em 1937, o estúdio lançou Branca de Neve e os Sete Anões, o primeiro longa-metragem animado da história do cinema — e até hoje, um dos maiores sucessos da marca.
A versão animada atenuou os aspectos mais sombrios da história original, tornando-a mais adequada para o público infantil e criando o modelo de princesa que seria replicado por décadas.
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