Wicked

Wicked: Parte 2 e o final de uma história que nunca vai acabar

O segundo capítulo do musical chega aos cinemas com emoção, grandiosidade e o peso de se tornar um marco para as próximas gerações

Wicked: Parte 2 chega aos cinemas nesta quinta-feira (20 de Novembro) encerrando a saga de amor, luta e destino de Elphaba e Glinda, as bruxas de Oz.

A história que começou como uma reinterpretação de Gregory Maguire para O Mágico de Oz, ao propor um novo olhar para a Bruxa Má, transformou-se nos palcos em uma narrativa sobre empatia, diversidade e o poder de ser diferente.

Há muitos desafios em levar um fenômeno como Wicked para o cinema. Talvez por isso, por muito tempo, essa adaptação foi vista quase como espécie de “lenda urbana” em Hollywood.

Afinal, como traduzir a grandiosidade do musical da Broadway sem perder sua alma? Ou como agradar aos fãs e, ao mesmo tempo, conquistar um público completamente novo?

Mas talvez o maior desafio fosse compreender que Wicked no cinema não é apenas uma adaptação, e sim, a versão definitiva de uma história que há mais de duas décadas conquista plateias ao redor do mundo.

Cynthia ErivoAriana GrandeJonathan BaileyJeff Goldblum e todo o elenco não estão apenas interpretando personagens; estão redefinindo-os. A partir de agora, suas versões serão a referência para as novas gerações de fãs. Assim como o filme O Mágico de Oz de 1939.

Wicked For Good
Poster promocional do filme Wicked: parte 2 | Reprodução Universal Pictures

O RETORNO A OZ

Já no primeiro filme,  o diretor Jon M. Chu entregou um trabalho primoroso. Ele entendeu não só a essência da história, mas também o que o público esperava ver: uma Oz viva, exuberante, quase palpável.

De Elphaba e Glinda cantando ao vivo — uma escolha ousada das atrizes — aos efeitos práticos e ao visual deslumbrante, Wicked: Parte 1 nos transportou para o colorido, brilhante e esmeralda mundo de Oz.

Agora, a Parte 2 começa exatamente onde o primeiro filme terminou e traz uma mudança de tom. O tempo passou, e a Oz que conhecemos está mais sombria, mais política, mais humana. Essa transformação dá o tom emocional do novo capítulo.

UM NOVO OLHAR SOBRE O QUE JÁ CONHECEMOS

A narrativa da segunda parte segue fiel à história original do musical. Algo que, claro, agrada os fãs, mas que pode desagradar quem esperava um aprofundamento das questões sociais levantadas no primeiro ato. 

As duas questões “problemáticas” sobre a segunda parte do musical sempre foram; como toda a historia se desenrola muito rápido e como não há o mesmo nível de profundidade da metade inicial. Mas isso, na minha concepção, é um problema da própria história em si: que se propõe a fazer ligações diretas com O Mágico de Oz.

E dessa forma se vê dividida entre desenvolver a narrativa apresentada inicialmente e fazer as conexões necessárias para que as duas timelines se cruzem. Algo muito diferente da obra original de Maguire que explora mais a fundo das questões sociais e politicas de Oz. 

Mas ainda que essa possível superficialidade da história cause um certo desânimo em alguns espectadores, as pequenas adições enriquecem a trama. Afinal, Wicked (o musical, pelo menos) sempre foi muito mais sobre a relação entre Elphaba e Glinda do que qualquer outra história paralela. 

Se na primeira parte conhecemos fragmentos da infância de Elphaba, aqui temos um vislumbre inédito da pequena Glinda, revelando camadas que explicam melhor quem ela é e por que suas escolhas pesam tanto. Essa, aliás, parece ser a palavra-chave do novo filme: compreensão.

Eu mesma tive dúvidas se havia material suficiente para sustentar uma segunda parte, já que o segundo ato do musical é mais direto e ágil. Mas Chu e Stephen Schwartz (compositor e coautor do musical) conseguem o equilíbrio ideal: o filme expande um pouquinho mais o universo e nãosoa como uma história estendida artificialmente.

As duas canções inéditas podem causar estranhamento em um primeiro momento (confesso que eu senti isso), mas logo se revelam importantes. Elas ajudam a contextualizar um pouco mais a importância dos animais falantes de Oz e ampliam nossa compreensão sobre as dores e escolhas de Glinda. Há muito mais ali do que o brilho da superfície deixa ver.

QUANDO A EMOÇÃO É MÁGICA

As músicas “As Long as You’re Mine”, “No Good Deed” e “For Good” continuam sendo momentos grandiosos. As interpretações de Cynthia Erivo e Ariana Grande são o coração pulsante do filme e provavelmente o motivo de muitas lágrimas nas salas de cinema. Então, prepare o lenço: Wicked: Parte 2 é uma despedida à altura da história que criou.

As homenagens ao clássico O Mágico de Oz são claras e cuidadosas.

À medida em que as linhas do tempo começam a se cruzar, percebemos o nível de detalhe que há por trás da produção: do visual do  Homem de Lata ao Espantalho, passando pela inserção sutil de Dorothy e pelo icônico derretimento da Bruxa Má. Cada elemento é tratado com reverência, sem se sobrepor à obra original, mas sim, criando um novo ponto de vista. Um bonito trabalho de estudo e tributo ao filme de 1939 e ao mito que o originou.

O FIM QUE SE TORNA COMEÇO

Wicked: Parte 2 encerra uma história que, de certa forma, nunca vai terminar.

Porque mais do que um musical ou um filme, Wicked é uma metáfora sobre enxergar o outro, sobre ser diferente e, ainda assim, resistir.

A dualidade entre Elphaba e Glinda continua sendo um reflexo poderoso de como as mulheres, e as suas histórias, são constantemente interpretadas pelo olhar alheio.

Jon M. Chu entrega uma conclusão emocionante, visualmente deslumbrante e com alma de clássico. E se Wicked nasceu como uma “releitura” de O Mágico de Oz, talvez agora seja justo dizer que ele se tornou a versão definitiva de um mito.

Porque no fim, Wicked e O Mágico Oz tocam em um mesmo ponto: o de encontrar um lugar onde você pode ser quem realmente é, mesmo que precise desafiar a gravidade para chegar até lá.

SERVIÇO | WICKED: PARTE 2

Estreia nos cinemas: 20 de novembro de 2025
Direção: Jon M. Chu
Elenco: Cynthia Erivo (Elphaba), Ariana Grande (Glinda), Jonathan Bailey (Fiyero), Michelle Yeoh (Madame Morrible), Jeff Goldblum (Mágico de Oz)

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A Dani é a nossa Girl Boss e diretora na Legião dos Heróis. É Millennial com orgulho, fã de Star Wars, Disney, Jogos Vorazes, ficção científica e romances de época.

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