
Thunderbolts surpreende ao unir ação, trauma e identidade
Mais do que um novo filme de equipe, Thunderbolts é uma sessão de terapia disfarçada de blockbuster. Uma aposta ousada da Marvel que acerta no emocional, no humor e na história.
Eu confesso: fui assistir Thunderbolts com poucas expectativas e quase nenhum conhecimento prévio dos personagens. Não vi boa parte das séries da Marvel e entrei na sala de cinema como muita gente vai entrar: como público regular, aquele que acompanha mais pelos filmes do que pelo universo expandido. E talvez por isso mesmo a experiência tenha me surpreendido tanto.
Thunderbolts é, ao mesmo tempo, diferente do que você imagina e familiar. É um filme que respeita a fórmula de sucesso da franquia, com seus momentos de ação e tiradas irônicas, mas que também ousa ao trazer um tom mais introspectivo, emocional e, por que não, terapêutico?!
Um grupo de desajustados, sim, mas com profundidade
A estrutura de equipe formada por anti-heróis ou personagens “quebrados” pode lembrar de cara os Guardiões da Galáxia. E sim, a comparação com o legado de James Gunn não é gratuita.
A dinâmica de grupo, o humor afiado e até a trilha sonora nostálgica se aplicam aqui. Mas o que me chamou a atenção em Thunderbolts foi a forma como a história não se apoia só na ação, mas sim na cura emocional dos seus personagens.
Cada um carrega traumas, arrependimentos e feridas abertas. E é justamente isso que os conecta. Eles não são uma equipe porque querem salvar o mundo (pelo menos não a princípio). São uma equipe porque precisam uns dos outros para se manter vivos e, de certa forma, inteiros. E isso, dentro do contexto da Marvel, é um frescor bem-vindo.

Uma história que se resolve de dentro para fora
Ao contrário da maioria dos filmes do estúdio, aqui o “vilão” — no caso, o poderosíssimo Sentinela, que é mais forte até que o Thanos com todas as Joias do Infinito — não é derrotado pela força bruta.
O embate final flerta com o drama psicológico, e levanta questões como depressão, baixa auto-estima, culpa e pertencimento. É quase como se estivéssemos vendo uma sessão de terapia em forma de blockbuster — e isso não é exatamente uma novidade para o MCU. A Marvel já tinha testado (e acertado) essa fórmula em WandaVision, usando a estética das sitcoms para falar sobre luto, isolamento e dor emocional.
Em Thunderbolts, essa abordagem está de volta. A diferença é que ela vem embalada num filme de ação com alma. E no fim das contas, é justamente essa fragilidade emocional coletiva que faz com que a gente se conecte.
Yelena como protagonista e o protagonismo feminino
Outro ponto que me animou foi a presença feminina marcante, com destaque total para Yelena Belova, que assume de forma natural e convincente o posto de líder em potencial da equipe. Florence Pugh entrega uma performance consistente e carismática, trazendo leveza e força em equilíbrio. É uma nova cara para uma nova fase. E se essa for mesmo a direção para os próximos passos da Marvel, eu tô dentro!
Referências aos Vingadores, mas sem nostalgia vazia
O filme brinca com o termo “novos Vingadores”, mas também homenageia concretamente a formação original, com menções visuais e referências diretas aos primeiros filmes. Esse senso de familiaridade ajuda o espectador a se importar com o que está vendo em tela. Ele amarra o novo ao que veio antes — e isso é fundamental quando se trata de manter o público engajado em um universo compartilhado como o do MCU.
O que faltou e o que ainda pode vir
Se eu senti falta de algo? Sim. Gostaria de ver um desenvolvimento maior para Valentina Allegra de Fontaine (Val) e seu propósito com o Sentinela. Acho que foi algo pouco explorador e uma história que se perdeu no momento em que os Thunderbolts passam a enfrentar o vilão. Mas isso é algo compreensível, considerando que o filme precisava apresentar uma nova equipe inteira e dar contexto para cada um deles.
Aliás, o roteiro cumpre bem o papel de introduzir os Thunderbolts, seus dilemas e dinâmicas. E deixa claro que o grupo terá um papel importante na nova fase da Marvel, talvez mais cedo do que a gente imagina.
Um novo tom para a Marvel… e isso me anima
Se Thunderbolts for mesmo um prenúncio do que vem aí com Quarteto Fantástico e os próximos filmes, então estamos diante de uma virada narrativa importante na Marvel — mais voltada para personagens complexos, temas emocionais e histórias com peso dramático real.
Eu já tinha achado Capitão América: Admirável Mundo Novo interessante nesse sentido, com a proposta de resgatar o espírito político e emocional do MCU pós-Soldado Invernal. Mas Thunderbolts entrega isso com mais clareza e com menos espetáculo vazio e mais propósito.
E pra mim, como público que se cansou um pouco da repetição dos últimos anos, isso é o que faz a diferença. Saí do cinema animada. E agora, mais do que nunca, quero ver o que vem por aí em Julho com o Quarteto Fantástico.
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