
Superman de James Gunn me fez olhar pra cima e acreditar novamente
O que vem à cabeça quando a gente fala em Superman? Pra mim vem uma palavra: Esperança. Superman é e sempre foi sinônimo de esperança. E foi com esse sentimento que eu saí do cinema após assistir o Superman de James Gunn. Com a esperança renovada não só no novo universo cinematográfico da DC que se desenha, mas no mundo e nas pessoas. E, sim, não é exagero.
Sou fã de Gunn – apaixonada por Guardiões da Galáxia – porque ele tem o dom raro de construir aventuras que ficam na alma: fazem rir, fazem chorar e, acima de tudo, conseguem nos transportar para outro lugar. Para James Gunn, contar uma boa história não é detalhe em meio a efeitos especiais, CGI e etc…é tudo. Não há pretensão de ser o “maior de todos”. O objetivo é simples: nos divertir (e muito!).
Em Superman, esse cuidado aparece logo no primeiro frame. O filme é vibrante, sem enrolação nem artifícios mirabolantes. Cada personagem tem seu propósito e cada referência ao universo DC faz sentido na jornada. Você vai rir, vai se emocionar, ficará de queixo caído com as sequências de ação e vai se deixar envolver pela trilha sonora (outra assinatura de Gunn) que, dessa vez, aposta no punk rock (e guarde essa ideia…).
Superman é solar, e o filme abraça essa luz em cada cena. Há inúmeros takes em que David Corenswet surge banhado pelo sol, a face do herói irradiando esperança. Eu sentia falta disso: das cores vivas, do contraste entre a grandiosidade de um alienígena todo-poderoso e sua missão de proteger cada vida humana. Essa essência pura de super-herói.
Sem perder tempo com a origem clássica, Gunn nos diz logo no início que os kryptonianos estão entre nós há anos e que Clark Kent já assumiu seu destino. Mas ainda assim, acompanhamos um Superman ingênuo, que descobre a profundidade — e o peso — de seus poderes enquanto tenta encontrar seu lugar entre os mortais.

Desde o trailer, David Corenswet me fisgou: em segundos, ele expressou algo que eu não via desde Christopher Reeve. Ter um Superman que de fato sabe atuar faz toda a diferença. Mesmo com a justificativa dos óculos “especiais”, é a atuação que convence: Clark caminha, fala e se move com uma timidez quase tocante, enquanto o Superman irradia confiança e compaixão. Se colocassem os dois lado a lado na minha frente, eu não conseguiria dizer que Clark é o Superman. E isso não seria um efeito de óculos “mágicos”. Mas, sim, de uma boa construção de personagem.
Clark e Lois estão juntos e são um casal descobrindo o amor em meio a dúvidas, brigas e questionamentos (afinal, um deles é o ser mais poderoso de todos). Quer algo mais relacionável? Rachel Brosnahan dá vida a uma Lois Lane real: independente, determinada e com sua própria história, caminhando lado a lado com o herói, não atrás dele. É um alívio vê-la com voz própria e presença tão forte.
Nicholas Hoult fecha esse trio com um Lex Luthor surpreendentemente humano. Sua inveja de um rival que possui poderes infinitos é tão palpável que torna o conflito crível. Sem motivações cósmicas ou grandiosas, basta um ego ferido de um homem poderoso para criar um antagonista aterrorizante a nível mundial.
Gunn equilibra tudo sem esquecer as cenas de ação clássicas: intensas e bem coreografadas, reforçadas por uma trilha sonora eletrizante que renova a estética do herói. Ele abre mão do humor ácido de Guardiões para mergulhar em um tom até mais poético, que fala sobre esperança, responsabilidade e humanidade. E sim, eu fiquei com os olhos marejados em vários momentos.
E não pense que a trama não conversa com o presente: Gunn tece uma teia política atual de fundo que merece atenção, debatendo poder, ganância, guerra e nosso papel como cidadãos. É um lembrete de que, em tempos tão conturbados, Superman continua sendo mais necessário do que nunca.
Por fim, o Krypto, cachorro kryptoniano, rouba a cena com sua fofura e carisma. Eu acho que ele merece, sem dúvida, um spin-off só para ele (ou, pelo menos, uma animação)!
Enfim, saí do cinema com a convicção de que a gente continua precisando do Superman. E também com a esperança de que o universo cinematográfico da DC finalmente possa estar em um bom caminho.
Superman me fez olhar pra cima e acreditar novamente.
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