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Você é do time: episódios semanais ou maratona?

Como os streamings estão mudando a forma como assistimos às nossas séries preferidas

Durante anos, o modelo da maratona foi a assinatura do streaming. A Netflix construiu seu império com a promessa de entregar temporadas inteiras de uma vez, permitindo que o público passasse horas, às vezes dias, assistindo a tudo sem pausa. Era uma revolução no consumo: o poder de escolher o ritmo estava nas mãos do espectador.

Mas os tempos mudaram. Com o avanço da concorrência e a saturação do mercado, as plataformas perceberam que o “ver tudo de uma vez” tem um preço: o público assiste rápido, comenta por poucos dias e logo parte para a próxima novidade. Para os streamings, isso significa menos tempo de relevância, menos engajamento e, principalmente, maior risco de cancelamento de assinaturas.

O retorno dos episódios semanais

Nos últimos dois anos, plataformas como Prime Video, Netflix e Disney+ começaram a adotar formatos híbridos. Algumas dividem as temporadas em duas ou três partes; outras lançam três episódios de uma vez e depois seguem com estreias semanais. O objetivo é claro: manter a série viva por mais tempo na conversa do público.

Quando o conteúdo é parcelado, a audiência tem tempo para comentar, teorizar e criar expectativa e isso mantém o “buzz” ativo nas redes. Séries com episódios semanais costumam gerar engajamento mais sustentado, porque cada lançamento vira um pequeno evento. Memes, discussões, análises e spoilers surgem a cada semana, prolongando o ciclo de vida de uma produção.

O case “O Verão Que Mudou a Minha Vida”

Um exemplo recente dessa tendência é a série O Verão Que Mudou a Minha Vida. A terceira temporada estreou no dia 16 de Julho no Prime Video. O serviço optou pelo modelo semanal e colheu os frutos: em apenas sete dias, a série acumulou mais de 25 milhões de espectadores ao redor do mundo.

O segredo está na expectativa. A história de Belly ganhou força a cada episódio, com o público esperando, comentando e especulando entre uma semana e outra. Essa pausa entre capítulos cria um fenômeno parecido com o que se via na TV tradicional, quando as séries eram eventos coletivos e a espera fazia parte da experiência.

Estratégia e comportamento

Além do engajamento, há também um fator econômico: lançar episódios aos poucos ajuda a reduzir o churn, termo usado para definir o cancelamento de assinaturas. Quando o público consome tudo de uma vez, ele tende a cancelar o serviço mais rápido. Ao espaçar os lançamentos, as plataformas garantem que os assinantes permaneçam ativos por mais tempo.

Por outro lado, a maratona ainda tem seu valor. Ela atende ao público que busca imersão total, e funciona muito bem para séries curtas ou para revisitar histórias completas. O ponto é que o modelo ideal depende da estratégia e do tipo de narrativa.

O streaming parece ter entendido algo que a televisão tradicional já sabia: a espera pode ser parte da diversão. Se o modelo semanal desperta expectativa e conversa, a maratona oferece liberdade e controle. Entre um extremo e outro, as plataformas buscam um novo equilíbrio.

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daniellacadavez@gmail.com

A Dani é a nossa Girl Boss e diretora na Legião dos Heróis. É Millennial com orgulho, fã de Star Wars, Disney, Jogos Vorazes, ficção científica e romances de época.

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