
Poderosa ou vilã: como a cultura pop retrata a ambição feminina?
Desde sempre, as narrativas do cinema e da TV precisaram de um antagonista, alguém para desafiar o herói e criar o conflito que move a história. Mas o que acontece quando esse papel é ocupado por uma mulher? Ao longo das décadas, diversas personagens femininas foram rapidamente rotuladas como vilãs, muitas vezes, por simplesmente não se encaixarem nos moldes do que se esperava delas.
Mas será que todas eram realmente más? Ou será que, em muitos casos, o rótulo de vilã foi apenas um reflexo de como a sociedade enxerga mulheres que desafiam expectativas?
Miranda Priestly: chefe exigente ou vilã?

Miranda Priestly, de O Diabo Veste Prada, é uma editora-chefe exigente, controladora e determinada a manter sua posição de poder. Mas será que, se fosse um homem, ela teria sido vista da mesma forma? A resposta parece óbvia.
A rigidez e o perfeccionismo de Miranda são características que, em um personagem masculino, seriam interpretadas como força e liderança. Mas, por ser mulher, ela foi rapidamente classificada como fria e cruel. No fundo, Miranda é uma mulher bem-sucedida que precisou se adaptar a um ambiente competitivo, sendo julgada por atitudes que, em um homem, seriam admiradas.
Sharpay Evans: a vilã incompreendida?

Sharpay Evans, de High School Musical, sempre foi rotulada como a vilã da história – a menina rica e mimada que tentava impedir Troy e Gabriella de brilharem. Mas será que Sharpay realmente era a vilã?
Ao longo dos filmes, vemos que ela é uma jovem ambiciosa e apaixonada pelo teatro, que trabalhou duro para conquistar seu espaço. Em vez de ser valorizada por sua dedicação e talento, ela foi colocada como a “vilã” apenas porque sua personalidade forte e competitiva não se encaixava no perfil de mocinha boazinha. Na verdade, Sharpay apenas queria seu lugar no palco – algo que, se fosse um protagonista masculino determinado, poderia ser visto como uma trajetória de esforço e persistência.
Wanda Maximoff: heroína ou ameaça?

Wanda Maximoff, a Feiticeira Escarlate do Universo Marvel, passou por uma das evoluções mais complexas da cultura pop. Inicialmente uma heroína, sua dor e trauma a levaram a tomar decisões moralmente questionáveis em WandaVision e Doutor Estranho no Multiverso da Loucura. Mas, ao invés de ser vista como uma mulher lidando com a perda e o luto, Wanda foi rapidamente rotulada como uma ameaça.
Suas ações foram condenadas de forma mais dura do que as de personagens masculinos que cometeram atos semelhantes. Seu arco nos leva a questionar: por que uma mulher poderosa que sofre e reage emocionalmente é rapidamente chamada de vilã, enquanto seus equivalentes masculinos são frequentemente perdoados ou até mesmo justificados?
Blair Waldorf: má ou vaidosa?

Blair Waldorf, de Gossip Girl, é um exemplo clássico de como mulheres vaidosas e sofisticadas são rapidamente rotuladas como malvadas. Inteligente, estratégica e ambiciosa, Blair sempre buscou ser a melhor em tudo, desde os estudos até a vida social e amorosa.
Esse contraste reforça um padrão comum na cultura pop: mulheres que demonstram vaidade, ambição e controle sobre sua imagem frequentemente são vistas como fúteis ou manipuladoras, enquanto aquelas que adotam um comportamento mais simples e passivo são mais aceitas como mocinhas.
O futuro da representação feminina no cinema
Felizmente, a narrativa tem mudado nos últimos anos, e personagens femininas estão sendo retratadas com mais nuances. Histórias que antes as pintavam como vilãs agora exploram seus motivos e complexidades, permitindo que o público as veja além dos rótulos simplistas.
Mas ainda há um longo caminho a percorrer. É importante questionarmos o porquê de algumas personagens serem chamadas de vilãs e refletirmos se isso não reflete, no fundo, a maneira como enxergamos as mulheres na sociedade. Afinal, ser ambiciosa, forte e determinada não deveria ser motivo para ser rotulada como malvada.
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