MET Gala: por que a noite mais fashion do mundo é hoje também um termômetro da Cultura Pop?

Muito além da alta-costura, o MET Gala se tornou um espelho das discussões culturais, sociais e estéticas do nosso tempo — e em 2025, o Dandismo Negro é quem ocupa o centro da conversa.

É oficial: a primeira segunda-feira de Maio é o Ano Novo da Moda. O MET Gala, evento beneficente que arrecada fundos para o Costume Institute do Metropolitan Museum of Art, em Nova York, virou muito mais do que um desfile de celebridades com looks excêntricos.

Hoje, ele é um dos maiores eventos culturais do mundo — um espetáculo onde moda, comportamento e arte se encontram sob holofotes cuidadosamente calculados (às vezes até demais!). Mas o que explica esse fascínio coletivo por um tapete vermelho que, tecnicamente, nem é televisionado?

Um desfile que é discurso

Criado nos anos 40, o MET Gala começou como um jantar beneficente para a elite fashionista de Nova York. Mas foi só com a chegada de Anna Wintour, editora-chefe da Vogue (sim, aquela que inspirou O Diabo Veste Prada), que o evento ganhou o status de “Super Bowl da Moda”.

A cada edição, um tema é proposto — sempre em conexão com a nova exposição do MET Costume Institute. E a escolha desse tema é tudo, porque é ele quem dá o tom das conversas que veremos nas redes sociais, nas manchetes e até nas salas de aula de moda, comportamento e história da arte nos dias seguintes.

E por mais que muita gente veja o MET só como um desfile de extravagâncias (e, convenhamos, que em grande foi que ele se tornou ao longo dos anos), a verdade é que o evento é também um palco de narrativas, símbolos e provocações visuais. Um lugar onde o vestido diz muito mais do que parece — sobre gênero, identidade, status, política e, claro, cultura pop.

Dandismo Negro é o tema do MET Gala de 2025 | Reprodução Internet
2025: o Dandismo Negro no centro do palco

Neste ano, o tema do MET é poderoso e necessário: o Dandismo Negro, um movimento estético e político que resgata a elegância como forma de resistência e autoafirmação negra — especialmente nos contextos pós-coloniais.

Para quem não está familiarizado, o “dândi” é aquele sujeito que expressa sofisticação, refinamento e rebeldia através da moda. Só que quando essa estética é apropriada e ressignificada por homens negros (e outras expressões de masculinidades negras), ela deixa de ser apenas um estilo — e passa a ser uma declaração.

A referência vem especialmente da cena africana e caribenha, e também dos dandis afro-americanos que subverteram códigos coloniais através da roupa. Em outras palavras: usam moda para reivindicar poder e complexidade num mundo que constantemente tenta reduzir corpos negros a estereótipos.

Cultura pop e moda: um casamento oficializado no MET

O MET ajudou a transformar o look em linguagem, e a passarela em narrativa. Hoje, a gente espera pra ver quem vai “entregar conceito” — não só beleza. Rihanna virou rainha do tapete por isso. Zendaya é esperada como se fosse protagonista de final de novela. E cada vestido, terno ou armadura é um convite pra uma leitura simbólica — ou pelo menos uma boa thread nas redes sociais. A Moda nunca foi só roupa, mas eventos assim (mesmo que ainda envoltos, algumas vezes, em polêmicas e questionamentos) reforça que ela a Moda é também argumento, construção de personagem, fanservice e manifesto. E o MET é onde tudo isso acontece ao vivo, sob os flashes.

E por que a gente, da cultura geek, deveria se importar?

Porque o MET é storytelling visual. É cosplay elevado à categoria de arte. É fanfic em forma de look. É quando um vestido pode contar uma história tão poderosa quanto um episódio de Star Wars ou um arco dos X-Men.

Além disso, é onde a cultura pop — com toda sua paixão por ícones, símbolos e performances — encontra a linguagem da moda para reimaginar o que é possível.

E se o MET Gala 2025 está resgatando o Dandismo Negro, é porque o evento está dizendo, com todas as camadas possíveis: é hora de repensar beleza, poder e futuro. E sim — isso tudo pode (e deve) passar pelo que a gente veste.

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daniellacadavez@gmail.com

A Dani é a nossa Girl Boss e diretora na Legião dos Heróis. É Millennial com orgulho, fã de Star Wars, Disney, Jogos Vorazes, ficção científica e romances de época.

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