black cat boyfriend

O retorno do Black Cat Boyfriend

Como O Verão que Mudou a Minha Vida trouxe de volta esse arquétipo masculino

Se você cresceu nos anos 2000, conhece bem esse arquétipo: o garoto misterioso, introspectivo, difícil de ler, que conquista não pelos grandes gestos, mas pelos pequenos sinais de afeto. Na internet, ele ganhou um nome que pegou: Black Cat Boyfriend. Reservado (às vezes até meio rabugento), intenso, protetor e absurdamente leal quando deixa alguém entrar. Esse tipo de personagem sempre nos fisgou pela promessa de camadas e contradições.

Belly e Conrad Fisher
Belly e Conrad Fisher em cena da terceira temporada de O Verão que Mudou a Minha Vida | Divulgação

Em O Verão que Mudou a Minha VidaConrad Fisher reaquece o crush coletivo nesse “gatinho preto”. A série resgata a aura que já tínhamos visto com Jess Mariano em Gilmore Girls e Chuck Bass em Gossip Girl: rapazes que parecem carregar uma tempestade dentro de si, mas que, justamente por isso, entregam um amor que soa raro, “difícil”, conquistado. E não para por aí. O arquétipo voltou a pipocar em outros hits: Carmy (The Bear), Marcus (Ginny & Georgia) e Cole Walter (Minha Vida com a Família Walter) repetem a dose do enigma com boas doses de tensão..

Do outro lado do tabuleiro está o oposto perfeito: o Golden Retriever Boyfriend: carinhoso, simpático, aberto em demonstrar afeto, a própria definição de leveza. Em O Verão que Mudou a Minha VidaJeremiah Fisher foi por muito tempo o retrato desse jeitinho solar. A dúvida que fica é inevitável: por que o “gatinho preto” voltou a dominar nossas telinhas e timelines?

Muita gente defende que a tendência voltou porque hoje buscamos camadas e complexidade. O Golden seria “previsível”; o Black Cat, “intenso”. Faz sentido. Só que aqui vai a provocação: será que a gente não está saindo de um extremo para o outro? Trocar o ideal perfeito por relacionamentos que exigem esforço constante, leitura de sinais e certa dose de instabilidade também é um padrão cultural: aquele que associa amor verdadeiro à dor, tensão e drama eterno.

É claro que o Black Cat Boyfriend não é sinônimo de relação ruim. Quando bem escrito, ele abre espaço para conversas menos óbvias sobre vulnerabilidade masculina, saúde mental e limites. A graça está em ver esses personagens se permitirem sentir — e se abrirem de verdade — sem que isso vire tortura emocional para quem está do lado. O problema é quando a narrativa glamouriza o silêncio, o ciúme e a autopunição como provas de amor. Aí a conta não fecha.

Talvez seja por isso que O Verão que Mudou a Minha Vida divida tanto os times. Conrad é o enigma que nos atrai, Jeremiah é a lembrança de que previsibilidade também é amor. E a pergunta que fica para a gente — e para as histórias que consumimos — é simples e poderosa: precisamos mesmo nos esforçar tanto assim para sermos amadas? Camadas são ótimas, desde que não custem a nossa paz.

No fim, o retorno do Black Cat Boyfriend diz muito menos sobre “bad boys” e muito mais sobre o que desejamos ver nos romances de hoje: homens complexos que aprendem a comunicar afeto; e mulheres que não precisam escolher entre intensidade e cuidado. Se o “gatinho preto” vier com responsabilidade emocional no pacote, tudo bem. Se for só o drama pelo drama… a gente já viu esse filme.

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daniellacadavez@gmail.com

A Dani é a nossa Girl Boss e diretora na Legião dos Heróis. É Millennial com orgulho, fã de Star Wars, Disney, Jogos Vorazes, ficção científica e romances de época.

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