rainha má - livro a mais bela de todas

A Mais Bela de Todas: e se a Rainha Má, na verdade, enlouqueceu?

O conto da Branca de Neve ganha um novo ponto de vista quando conhecemos a história da Rainha Má

Era uma vez, uma rainha que enlouqueceu. E se a Rainha Má, na verdade, tivesse enlouquecido pela dor do luto? Essa foi a minha opinião depois de ler partida de A Mais Bela de Todas — livro da coleção de vilões da Disney da editora Universo dos Livros. que reconta a história da Branca de Neve pela perspectiva da antagonista. A proposta é simples e poderosa: trocar o rótulo por um espelho. Quando a gente conhece a vida da rainha, a narrativa de “pura maldade” começa a rachar.

O texto nos apresenta uma menina criada por um pai, que foi vidraceiro mais famoso do reino, mas ao mesmo tempo era cruel e aterrorizante, que repetia como mantra que ela jamais seria boa o bastante, nem bonita, nem forte, nem digna de amor. A mãe da rainha morre cedo e, com isso, nasce uma ferida que nunca fecha. Já adulta, ela se apaixona, casa com o rei e se torna mãe de Branca de Neve. Por um tempo, existe felicidade real ali: uma rainha generosa, uma mulher com amiga leal, a mais bela do reino em todos os sentidos. Até que o destino puxa o tapete: o rei morre. Junto com ele, desaba a identidade que ela construiu.

A partir desse abismo, o livro registra a derrocada sem pressa. Primeiro vem o isolamento, a necessidade de controle, a busca por respostas onde não há consolo. A magia surge como refúgio e depois, como vício. O que era insegurança vira obsessão; o que era dor se transforma em raiva. A rainha amorosa cede lugar à vilã que a gente conhece, mas agora com camadas que doem porque fazem sentido.

rainha má - livro a mais bela de todas

O encanto do livro está justamente em mostrar como cicatrizes da infância moldam quem nos tornamos. Ao remontar a trajetória dessa mulher, a narrativa conecta abandono, luto e poder ao arquétipo que atravessou gerações. Não é um “passa-pano”; é um convite a olhar de frente para a gênese de um comportamento. Às vezes o mal não nasce do ódio, nasce de um amor que virou trauma. E quando esse trauma encontra um espelho mágico, a tragédia é questão de tempo.

Ler A Mais Bela de Todas muda a forma como enxergamos a própria Branca de Neve. Se a heroína sempre foi a imagem da pureza, sua madrasta passa a ser o espelho do nosso lado humano: falho, carente, quebrado. A moral do conto não desaparece, ela amadurece. O “final feliz” continua lá, mas a pergunta que fica é outra: quantas rainhas más a gente julga sem conhecer a história inteira?

No fim, a obra não inocenta a vilã; ela humaniza. E humanizar é o primeiro passo para entender por que certos monstros nascem e como poderiam não ter nascido. Talvez, depois dessa leitura, você nunca mais olhe para a Rainha Má do mesmo jeito.

O livro A Mais Bela de Todas pode ser encontrado na Amazon.

Preço: R$ 59,90

Editora: Universo dos Livros

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daniellacadavez@gmail.com

A Dani é a nossa Girl Boss e diretora na Legião dos Heróis. É Millennial com orgulho, fã de Star Wars, Disney, Jogos Vorazes, ficção científica e romances de época.

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