
Corra que a Polícia Vem Aí! (2025): rir ainda é preciso
Liam Neeson abraça o nonsense e entrega riso leve e memória afetiva
Tem um tipo de comédia que sempre funcionou muito bem e, ao longo das décadas, foi evoluindo: é o bom e velho besteirol ou a comédia pastelão. Dos absurdos aos trocadilhos infames, o gênero ganhou uma nova roupagem e teve um boom nos anos 80 (mais uma vez, Hollywood vendo o potencial de um formato…) e se tornou um registro dessa década.
A graça estava justamente no exagero: situações absurdas, piadas de duplo sentido, um flerte constante com o politicamente incorreto. Quando acerta, ele cutuca estereótipos, espelha o nosso ridículo e, de quebra, dá aquela catarse coletiva.
Esse formato seguiu firme pela década de 90 e, pelo menos, até os anos 2000.

Corra que a Polícia Vem Aí! nasceu nesse berço. O filme de 1988, estrelado por Leslie Nielsen, ganhou mais duas continuações (1991 e 1992) e virou referência de humor nonsense, parodiando filmes policiais sem precisar de efeitos mirabolantes nem trama rebuscada. O segredo sempre foi ser literal, escancarado, simples: uma fuga deliciosa da realidade.
O filme agora ganha uma nova continuação: Corra que a Polícia Vem Aí!, que chega aos cinemas esta semana, é uma sequência-legado das paródias policiais dos anos 80/90. Agora, quem assume a missão é Liam Neeson como Frank Drebin Jr., filho do icônico personagem de Nielsen. E, sim, ele vai precisar “salvar o mundo” do jeito mais politicamente incorreto possível — e é justamente aí que está a graça.
Neeson, um veteranos dos filmes de ação e nosso eterno Qui-Gon Jinn, entrega bem o papel cômico — algo novo, inclusive, para o próprio ator, que está descobrindo esse outro lado.

O novo filme conversa com temas atuais, mas sem perder a essência: é pura nostalgia temperada com homenagens à franquia original. A maior qualidade da produção é não ter vergonha de ser o que é. Ela ri de si mesma o tempo todo, abraça o grotesco com consciência e encontra um ponto de equilíbrio em que o riso vem leve, sem pretensão. Foram 1h25 de diversão sem pensar muito. E, honestamente, às vezes é só disso que a gente precisa no meio do tumulto do mundo moderno.
Um parêntese importante: eu vi o filme dublado e recomendo que você faça o mesmo. Além do humor físico, esse tipo de comédia vive de timing, gíria e contexto. E a nossa dublagem acerta o espírito das cenas como poucas, adaptando as piadas para o nosso contexto sem perder o efeito.
No fim, Corra que a Polícia Vem Aí (2025) não quer reinventar o gênero (e ainda bem!). Ele se assume como aquilo que sempre fez a franquia funcionar: um desfile de trapalhadas, autoironia, referências e absurdos que lembram a gente de uma verdade simples: rir continua sendo um superpoder. Se você entrar no cinema disposto a abraçar o nonsense, vai sair com o mesmo sorriso bobo que eu saí. E, convenhamos, num momento como o que vivemos hoje, isso vale ouro.
A TRAMA DE CORRA QUE A POLÍCIA VEM AÍ! (2025)
Frank Drebin Jr. (Liam Neeson) segue os passos do pai e precisa liderar o Police Squad justamente quando a divisão corre risco de ser encerrada. Para provar que a equipe ainda é necessária, ele embarca numa investigação que rapidamente vira uma conspiração de alto risco — com disfarces absurdos, gags físicas e uma corrida contra o tempo para “salvar o mundo” do jeito mais Drebin possível.
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