a idade dourada hbo

O que é real em A Idade Dourada?

Como mansões e cortiços se cruzavam na Nova York do pós–Guerra Civil

Quando Julian Fellowes decidiu ambientar sua nova série, A Idade Dourada, nos Estados Unidos do fim do século XIX, escolheu um dos períodos mais paradoxais da história americana: a chamada Gilded Age (ou Era Dourada), que vai de cerca de 1870 aos primeiros anos do século XX. Esse período foi marcado por um crescimento econômico vertiginoso, sobretudo em metrópoles como Nova York e Chicago. Em cena, a trama de A Idade Dourada se desenrola em 1881–82, logo após a Guerra Civil, e contrasta o brilho ofuscante das mansões da Quinta Avenida com a vida dura nos cortiços do Lower East Side.

Na vida real, magnatas como John D. Rockefeller, Andrew Carnegie e Cornelius Vanderbilt transformaram o petróleo, o aço e as ferrovias em impérios de riqueza quase ilimitada. Na série, famílias como os Russell representam esse legado de fortuna acelerada, mas também o estigma de quem “não nasceu em berço de ouro”, mas sim, fez seu caminho até lá. Enquanto isso, membros de clãs tradicionais retratados pelos Astor resistem às mudanças que os novos ricos impõem ao velho código de honra social.

a idade dourada hbo
cena da série A Idade Dourada da HBO | Divulgação

Luxo arquitetônico e desigualdade forçada

Os figurinos elaborados, as festas esplendorosas e os salões iluminados recriam com precisão o que decorre de relatos de época: mansões que pareciam palácios e serviços domésticos coordenados como pequenas cortes. Ainda assim, bastava atravessar a rua para encontrar famílias inteiras vivendo em um só cômodo, sem água encanada ou coleta de lixo. A existência de “tenant houses” (cortiços) na era de imensa prosperidade é um retrato fiel de jornais e investigações sociais do período, quando reformadores como Jacob Riis documentavam a miséria urbana em fotografias chocantes.

Vozes à margem do roteiro

Embora a série faça jus à opulência e à rivalidade de status, ela também se empenha em dar corpo às vozes silenciadas do período. Mulheres organizadas em clubes de literatura ou sufrágio disputavam espaço em um universo masculino, enquanto negros recém-libertos tentavam reconstruir laços familiares tombados pela escravidão. Imigrantes vindos da Europa e da Ásia, empilhados em navios e postos para trabalhar em fábricas, sonhavam com direitos que ainda levariam décadas para conquistar. Esses elementos históricos sustentam arcos de personagens secundários e lembram que a riqueza jamais foi repartida em pé de igualdade.

Ficção x realidade: onde a série cria licença dramática

Para tensionar o conflito entre “old money” e “new money”, A Idade Dourada exibe duelos de influência em clubes discretos e telas de jornal que publicam rumores de falência ou escândalos amorosos. Nem tudo, porém, é estritamente histórico. As interações mais acaloradas nos bastidores sociais foram intensificadas para efeito narrativo, e certos personagens — como alguns magnatas fictícios — são criados para personificar escândalos que, na vida real, se espalharam por figuras diversas.

Em especial, o choque cultural entre tias tradicionais e jovens flâneuses que inventam salões literários foi inspirado em movimentos de base na época, mas dramatizado para dar ritmo à série. Ainda assim, essa mistura de fatos e licença poética mantém A Idade Dourada como um retrato instigante, que convida o público a pesquisar o que ficou de fora dos scripts e a entender melhor as raízes das contradições sociais.

A trama de A Idade Dourada

Ambientada em 1882, A Idade Dourada acompanha Marian Brook, jovem da Pensilvânia que, após ficar órfã, se muda para Nova York para viver com as tias — a rígida Agnes van Rhijn e a gentil Ada Brook — integrantes da velha elite da Quinta Avenida. Do outro lado da rua estão os Russell, família de “novo dinheiro” liderada pelo magnata das ferrovias George e pela ambiciosa Bertha, decidida a conquistar status na alta sociedade. Entre bailes opulentos, intrigas e manchetes de jornal, a série mostra o choque entre tradição e modernidade, também pelos olhos de Peggy Scott, escritora negra que busca seu lugar num país em transformação.

Onde assistir: as três temporadas de A Idade Dourada estão disponíveis na HBO Max

Gostou desse conteúdo? Leia também: A Idade Dourada: guia completo para começar a assistir a série

About the Author /

daniellacadavez@gmail.com

A Dani é a nossa Girl Boss e diretora na Legião dos Heróis. É Millennial com orgulho, fã de Star Wars, Disney, Jogos Vorazes, ficção científica e romances de época.

Post a Comment