Glossário do Terror
Do slasher ao psicológico: um guia para os subgêneros que fazem a gente amar sentir medo
Nem todo filme de terror é igual. Uns assustam, outros chocam e alguns fazem você duvidar da própria sanidade. Mas todos têm algo em comum: um tipo de medo para chamar de seu. Dos assassinos mascarados aos demônios invisíveis, das mutações corporais às paranoias sociais, o terror é um espelho que reflete nossos piores medos e, de alguma forma, nos faz querer olhar de novo.
Bem-vindo ao Glossário do Terror, um mergulho pelos subgêneros que moldaram décadas de sustos, discussões e obras-primas.
Slasher: o medo com rosto e faca
O subgênero mais sangrento — e, paradoxalmente, o mais divertido — do terror. Aqui, a juventude inconsequente se torna alvo de um assassino mascarado que persegue suas vítimas uma a uma. Mais do que mortes criativas, o slasher é um ritual: correr, tropeçar, se esconder e ouvir o som dos passos atrás de você.
Filmes como Halloween, Pânico e Sexta-Feira 13 definiram o estilo e o transformaram em fenômeno cultural. É o terror da imprudência, do susto coreografado, e do prazer culpado em ver o medo virar espetáculo.
Sobrenatural: o medo do invisível
Nem todo horror vem de algo que podemos ver. No terror sobrenatural, o medo mora nas frestas, no que sussurra, no que se move sozinho, no que a mente tenta negar. Fantasmas, possessões, maldições e entidades dominam esse território espiritual e psicológico, onde o que assusta não é o monstro, mas a antecipação dele.
De O Exorcista a Invocação do Mal e Hereditário, o gênero mostra que o invisível pode ser mais aterrorizante do que qualquer criatura física.
Psicológico: o horror que habita a mente
Aqui, o monstro é interno. Não há demônios nem criaturas, mas traumas, culpas e delírios. O terror psicológico é o mais sofisticado dos medos, aquele que se instala devagar, sem precisar de sangue ou gritos.
Filmes como O Iluminado, Cisne Negro e Corra! mostram o que acontece quando a realidade começa a rachar. São histórias em que o medo é sutil, mas deixa rastros que perseguem o espectador por dias.
Body Horror: quando o corpo é o inimigo
O medo da carne, da transformação e da perda de controle. No body horror, o corpo humano se torna campo de batalha: mutações, infecções e deformações grotescas simbolizam o terror de perder a própria identidade.
De A Mosca a Hellraiser e Titane, esses filmes provocam desconforto físico e existencial. O medo aqui é visceral: não é o que acontece ao corpo, mas o que o corpo se torna.
Found Footage: o terror que finge ser real
Câmeras tremidas, gravações perdidas, gritos fora de foco. O found footage nasceu com A Bruxa de Blair e redefiniu o gênero ao transformar o espectador em cúmplice.
Seguido por sucessos como Atividade Paranormal e REC, o formato faz o terror parecer documental e, por isso mesmo, muito mais perturbador. A pergunta que fica é: será que isso realmente aconteceu?
Gore / Splatter: o excesso como linguagem
Aqui, o medo é escancarado. Sangue, vísceras e exagero visual transformam o terror em espetáculo de desconforto. O gore pode ser crítico, cômico ou simplesmente caótico, mas nunca discreto.
O Massacre da Serra Elétrica, Hellraiser – Renascido do Inferno e Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio são clássicos que exploram o limite entre horror e absurdo. É o tipo de filme que você vê de olhos semicerrados… e mesmo assim se arrepende.
Terror Social: o medo do mundo real
O subgênero mais recente, e talvez o mais necessário. No terror social, o medo é metáfora. Racismo, desigualdade, paranoia política e opressão se transformam em monstros invisíveis, mas muito reais.
Filmes como Corra!, Nós, Parasita e O Hospedeiro usam o desconforto como crítica. O susto é secundário; o incômodo é permanente. É o terror que não acaba quando as luzes se acendem.
O terror, afinal, sempre foi um espelho: seja ele manchado de sangue ou de símbolos. E entender seus subgêneros é entender o quê nos assusta, mas também o quê nos define. Porque, no fundo, amar o terror é amar o exercício de sentir medo… e sobreviver a ele.
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