Quando as bruxas ficaram cool
Como os anos 90 transformaram a magia em moda, poder e atitude
No fim dos anos 90, algo mudou na forma como o mundo enxergava a magia. As bruxas, antes vistas como vilãs, voltaram a ocupar o centro da narrativa, mas agora com um novo papel: ícones de estilo, poder e liberdade. Entre feitiços, chokers e trilhas de rock alternativo, a nova geração descobriu que ser bruxa podia ser pop.
Os anos 90 transformaram o arquétipo da bruxa de símbolo de medo em símbolo de identidade. Até então, a figura feminina associada à magia era solitária, marginalizada e cercada de mistério. Mas a década do feminismo pop, da MTV e dos filmes adolescentes reformulou essa imagem. A bruxa deixou de ser ameaça para se tornar inspiração: uma heroína imperfeita, estilosa e humana.
Um novo tipo de feitiço
A virada começou em 1996 com o filme “Jovens Bruxas” (The Craft), que redefiniu a magia como metáfora de amadurecimento, empoderamento e rebeldia.
A estética do filme (uniformes escolares, crucifixos, sombras escuras e trilha sonora alternativa) sintetizou o espírito de uma geração que via na magia uma forma de expressão e resistência. Era sobre poder, mas também sobre ser mulher em um mundo que ainda temia mulheres poderosas.
Sem perceber, Jovens Bruxas criou uma nova geração de “bruxas aspirantes”: meninas que, ao invés de temer o oculto, o viam como forma de se afirmar. Foi o nascimento do girl power sombrio: uma mistura de feminismo, estilo e identidade que se tornaria o tom dominante da cultura pop até o início dos anos 2000.
“Charmed” e o feitiço do cotidiano
Dois anos depois, a série “Charmed” (1998) levou a magia para dentro de casa. As irmãs Halliwell mostraram que a bruxaria também podia ser sobre família, laços e vulnerabilidade.
Piper, Phoebe e Prue (e Page!) eram mulheres complexas, divertidas e fortes, divididas entre a vida pessoal e o dever heroico e nisso residia seu encanto. Charmed foi o primeiro grande sucesso televisivo do gênero moderno e ajudou a moldar o girl power dos anos 2000. A bruxa, antes isolada e misteriosa, agora tinha rotina, trabalho e vida amorosa. A magia se tornou extensão da humanidade feminina. Não mais uma maldição, mas uma ferramenta de equilíbrio.

Buffy, Willow e o poder das garotas sobrenaturais
Embora Buffy Summers não fosse uma bruxa, Buffy, a Caça-Vampiros (1997) compartilhou a mesma energia que redefiniu o feminino no sobrenatural. Buffy enfrentava monstros enquanto lidava com os dilemas da juventude, e sua melhor amiga Willow, uma bruxa tímida que se tornava poderosa, simbolizava a descoberta do próprio potencial. A série consolidou a ideia de que força e sensibilidade podiam coexistir e que o verdadeiro feitiço era sobreviver à vida real.
Outras magias dos anos 90
A década foi repleta debruxas inesquecíveis. Sabrina Spellman, de Sabrina, a Aprendiz de Feiticeira, unia humor, brilho e autodescoberta em um formato leve e cheio de carisma. E em 1997, o mundo conheceu Hermione Granger, de Harry Potter, cuja inteligência e coragem redefiniram a ideia de poder feminino na fantasia.
Essas personagens, somadas àquelas que povoaram o cinema, as revistas teen e até o guarda-roupa alternativo da época, transformaram a estética mística em um modo de vida. O feitiço deixou de ser tabu e virou tendência.
O legado das bruxas dos anos 90
O impacto cultural foi profundo. Ser bruxa deixou de significar lançar feitiços e passou a significar desafiar padrões. A estética “witchy” dominou as vitrines, o discurso feminista ganhou contornos mágicos e a bruxaria se tornou símbolo de autenticidade. As bruxas dos anos 90 ensinaram uma geração inteira que poder e beleza podem andar juntos e que a verdadeira magia está em ser quem se é.
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