
Jurassic World: Recomeço aposta em toques de nostalgia e tenta fazer a franquia voltar aos trilhos
Jurassic World: Recomeço, o novo filme da franquia Jurassic Park, estreia nos cinemas neste fim de semana. O longa coloca Scarlett Johanson e Jonathan Bailey em uma arriscada missão de sobrevivência em uma ilha esquecida, agora dominada por dinossauros geneticamente modificados.
Para quem, como eu, cresceu nos anos 90 e viveu o auge da Dinomania provocada pelo sucesso do primeiro filme, retornar ao “parque” sempre provoca aquele frio na barriga — uma mistura deliciosa de nostalgia e medo. E se há um sentimento que Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros despertava, era exatamente esse terror fascinante. Imagine ser uma criança de nove anos e se deparar pela primeira vez com T-Rex assustador em uma tela gigante!
Recomeço consegue resgatar um pouco dessa atmosfera. O filme se aproxima da trilogia original no clima, na linguagem e nas cenas de fuga de dinossauros implacáveis. Há sustos bem dosados e referências discretas — ou quem sabe homenagens — ao clássico de Spielberg. Uma clara contribuição de David Koepp, roteirista dos dois primeiros filmes que retorna também como roteirista nessa produção. Para mim, isso é um ponto positivo, especialmente porque não sou grande fã dos três filmes anteriores de Jurassic World.
E, sim, confesso que fiquei empolgada demais com a versão “paleontologista-nerd-sexy” de Jonathan Bailey, mas ele e Scarlett Johanson realmente têm ótima química em cena (aliás, com quem Jonathan não tem química, não é mesmo?). Eles parecem aproveitar a adrenalina da aventura e fazem um bom time com Kincaid, personagem de Mahershala Ali. Rupert Friend, por sua vez, entrega um vilão clássico — o magnata que fará de tudo por lucro — e convence no papel (eu gosto do Rupert de qualquer forma…). Só acho que a trama força um pouco na inserção de um núcleo familiar (o pai, duas filhas e genro) em busca de tensão dramática. O resultado dá a sensação de estarmos assistindo a dois filmes distintos.
Minha maior objeção a Jurassic World: Recomeço — como aos três filmes anteriores — é ver como a essência original de Jurassic Park se dissipou. O romance de 1990 de Michael Crichton usava dinossauros como metáforas para discutir a ganância corporativa e perigos da manipulação genética, assunto que começava a ganhar destaque nessa época (só para se ter uma ideia, o primeiro clone de um mamífero, a ovelha Dolly, nasceu em 5 Julho de 1996. Ou seja, poucos anos depois do livro e do filme).
Em Recomeço, há uma breve tentativa de retomar essa discussão, mencionando testes e cruzamentos de espécies, mas todo esse debate aparece como um prelúdio rápido antes da ação propriamente dita. No filme de 1993, o caos emergia a cada cena justamente por causa desse embate ético; aqui, funciona mais como um mero gancho para retomar perseguições e explosões.
No balanço geral, Jurassic World: Recomeço cumpre seu papel como grande blockbuster. A Dinomania pode ter tido seu ápice lá atrás, nos anos 90; mas o fascínio pelos dinossauros nunca saiu de moda. O filme tenta resgatar o que nos fez nos apaixonar pela franquia — o espírito do Spielberg dos anos 80/90 — para assim, quem sabe. colocar Jurassic Park de volta aos trilhos.
Jurassic World: Recomeço chega aos cinemas este fim de semana pela Universal Pictures.
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